terça-feira, 27 de setembro de 2011

Série "Eu Me Lembro" Parte 1: O lado sombrio da minha infância

Ok, ok. Resolvi que vou escrever sobre a minha infância e adolescência, mas decidi que vou escrever por partes, porque eu não sei resumir, as postagens ficariam imensas, e eu ficaria bem cansada. 


Eu bebê, entre 8 e 9 meses de idade. (1986)


Não tenho lembranças de quando eu era bebê, é óbvio. Mas a minha mãe se lembra e conta as histórias tantas vezes que já me lembro de todos os detalhes. E algo que sempre me chamou a atenção era o fato de que eu chorava todos os dias, das 4 horas da tarde até as 7 horas da noite. E minha mãe podia fazer de tudo, até me pegar no colo e nada adiantava. Acredito que era depressão.
Tenho muitas lembranças vívidas de minha infância à partir dos 3 anos de idade. Me lembro que era uma criança triste, preferia brincar sozinha e não tinha muitos amigos. E que meus pais, apesar de serem ótimos comigo, carinhosos e sempre dizer que me amavam, eu sempre sentia que devia merecer aquele amor. Eu sempre achava que eles amavam mais a minha irmã mais velha do que a mim.
Eu era bem tímida, sempre que aparecia visita em casa eu corria para o quarto. Eu sentia uma ansiedade terrível. Pior era quando eu passava pela sala, tentando ao máximo não ser notada, e meu pai  me mandava voltar e cumprimentar a todos. Eu sentia como se tivesse levado um soco no estômago, o coração disparado. Sim, uma criança de 3 anos também pode ter problemas com ansiedade, pelo menos eu tive, e por muitos anos depois disso. Hoje ainda luto contra isso, mas é muito fraco, ainda mais se comparado a ansiedade extrema que senti até os 19 anos.
Também me lembro que vivia tendo pesadelos em que meus pais me abandonavam, ou que não se importavam comigo. E eu acordava no meio da noite aos prantos, soluçando, e chorava na porta do quarto dos meus pais até me cansar, e então voltava a dormir, com uma sensação de abandono, de vazio no peito. Isso aconteceu entre meus 3 anos e mais ou menos os 7 anos de idade.
Lembro-me que logo nas primeira série do primário, minha professora era terrível, fazia coisas absurdas, como prender um aluno na cadeira com fita adesiva, porque ele não ficava sentado. Mas essa nem era a pior parte. Para mim, o pior era a hora do recreio. Eu não conseguia fazer amizade com ninguém, e passava esse tempo contando os minutos para voltar para a classe.
Quando fui para a 2ª série, aos 8 anos, meus pais nos mudaram de escola (eu e minha irmã). Não me pergunte o que aconteceu neste ano de minha vida, pois não me lembro de  nenhum detalhe. Talvez tenha sido muito traumático para mim, não sei. As séries seguintes eu me lembro muito bem, e foram bem iguais.
Dos 9 aos 12 anos eu era bem tímida. Eu tive uma amiga em cada ano, e só. Era sempre uma menina, pois morria de vergonha dos meninos, e era assim como eu, tímida e rejeitada. Eu era quietinha, tirava as melhores notas da classe, queridinha da professora, rejeitada e humilhada pelos colegas. Me lembro que me chamavam de vários apelidos, sempre os meninos... As meninas me ignoravam, parecia que eu não existia. Eu sempre voltava para casa chorando. Eu passava o restante do dia em meu quarto, sentada no chão, fazendo meus trabalhinhos de artesanato, escrevendo, ou  então chorando.
A minha fuga era estudar, aprender coisas científicas, pesquisar e tentar entender o porque das coisas. Amava desenhar, escrever, e, atuar. Eu me sentava diante do espelho e fingia que meu reflexo era outra pessoa. Criava uma história, sempre de drama, eu interpretava com tanta intensidade que até chorava.
Em algumas palavras, minha infâcia (em partes) se resume em MEDO e TRISTEZA.


Não me levem a mal, eu brinquei muito, inveitei muito e também sorri muito. Creio que tive uma ótima infância, mas descrevi aqui apenas as situações que poderiam ser influência do meu Transtorno Bipolar, para análise.


Ufa! Acabei! [risos]

2 comentários:

  1. Sei bem o que você quis dizer. Também tenho lembranças desagradáveis e dolorosas da minha infância e adolescência, e isso deve ter influenciado meu transtorno hoje. Você já falou isso com seu terapeuta? Até hoje nenhum psiquiatra ou psicólogo perguntou sobre meus traumas de infância, talvez por isso eu ainda tenha tantas coisas mal resolvidas. É bom desabafar, né? Beijos!!

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  2. Nossa Fran também sei o que é ser um excluído também sofria bullying na escola (mas não guardo rancor de ninguém), também cresci com essa ansiedade que me ama e não desgruda e o medo também, ao menos a tristeza não domina mais, rsrs.

    Comigo é exatamente como você disse, brinquei muuuuuito, inventei muito também e tive uma boa infância.

    ___________

    Ei [G], como nenhum dos seus terapeutas te perguntou o básico da terapia, sobre sua infância, isso é quase o inicio pra tudo, rs. Sera que eles estão esperando você dizer algo sobre isso?! Pode até ser.

    Bjs

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